O que me espera em Marte?
Como meu corpo estará quando eu estiver em Marte?
Como vou respirar em Marte?
Como que eu caminho em Marte?
E comer? E fazer xixi, cocô?
É preciso arrumar as malas, mas o que eu levarei para Marte?
É astronauta, você está preparado para essa viaje espacial. Eu estarei?
A gravidade elevando o corpo, em suspensão.
Como será dentro da cabeça? O Cérebro navegando, será que os meus pensamentos terão algum eixo? Conseguirei ter algum raciocínio linear? Conseguirei finalizar uma frase, ou meus pensamentos serão partículas em devaneios múltiplos?
É preciso fazer planos!
Será que todas as experiências que passarei lá, pode me servir de inspiração para realizar então alguma materialidade artística?
Matéria-lidade. Matéria.
Desprender, desmoronar, estar em situações inesperadas.
Mas quem estará lá?
Se alguém estiver me esperando em Marte, seria confortável, começar a partir de uma estrutura já instaurada.
Ou estarei sozinha em Marte?
O que seria arte em Marte?
Olho para dentro, ou para fora? Terei que aprender tudo muito rápido, não terei tempo para parar, como fazemos nas escolas, separando o tempo de aprender e o tempo de realizar, terei que me virar com o que já sei, mas talvez isso nem sirva para nada, e ai que colocarei a prova de improvisar com o que tiver em mãos, mesmo que a matéria seja invisível.
O tempo em Marte, será que eu poderia contar o tempo como conto aqui as horas, os dias, as estações do ano, será que poderei usar a mesma lógica do relógio?
To pensando aqui, o que é arte?
Eu teria que produzir alguma coisa, com o que? E como vou expor isso?
Exponho algo que me tocou? Seria isso arte? Eu ter que expor?
Eu gosto da palavra simultaneidade. SIMULTANEO. Facilitaria se tivesse transmissão ao vivo, como feitos nos programas de reality show.
Transportar uma sensação, é isso arte?
Aquele momento que fui tocada por algo exterior a mim…
Será que para isso eu preciso de alguma materialidade?
O próprio corpo pode ser essa materialidade, transferindo e atravessado, tocado, mas, arte não poderia ser só aquilo que somos passivo A.
Reagir aos sentidos. E como eu reagiria? Não sou somente um receptor. Então ai sim pergunto: O que eu deixaria em Marte?
Um rastro, o toque dos pés nesta superfície, que a materialidade eu ainda nem tenho ideia da sua textura.
Eu cortaria meus cabelos, faria eles dançarem ao vento, ou faria flutuar o meu DNA. Será? Teria uma marca tão efêmera quanto a minha passagem por lá.
Descobrirei que Marte é só o começo da abstração escrita na pele, forma a traduzir essa experiência quando eu voltasse para a terra.
Estou levando a sério essa história de ir para Marte.
Talvez eu não precise ir para Marte para sentir tudo isso, talvez eu precise pensar que Marte está dentro de mim.
***
¿Qué me espera en Marte?
¿Cómo estará mi cuerpo cuando yo esté en Marte?
¿Cómo voy a respirar en Marte?
¿Cómo voy a caminar en Marte?
¿Y comer? ¿Y hacer pis, caca?
Es preciso hacer las valijas, pero ¿qué llevaré a Marte?
El astronauta está preparado para ese viaje espacial. ¿Yo lo estaré?
La gravedad elevando el cuerpo, en suspensión.
¿Cómo será dentro de la cabeza? El cerebro navegando, ¿mis pensamientos tendrán algún eje?
¿Conseguiré tener algún raciocinio lineal? ¿Podré finalizar una frase, o mis pensamientos serán partículas de derivas múltiples?
¡Es preciso hacer planes!
¿Será que todas las experiencias que tenga allá podrán servirme de inspiración para realizar alguna materialidad artística?
Materia-lidad. Materia.
Desprender, desmoronar, estar en situaciones inesperadas.
Pero, ¿quién estará allá?
Si alguien me estuviera esperando en Marte, sería cómodo, comenzar a partir de una estructura ya establecida.
¿O estaré sola en Marte?
¿Qué sería arte en Marte?
¿Miro para adentro o para afuera? Tendré que aprender todo muy rápido, no tendré tiempo para parar, como hacemos en las escuelas separando el tiempo de aprender y el tiempo de realizar, tendré que servirme de lo que ya sé, pero tal vez eso ni siquiera sirva de nada, y entonces tendré que ponerme a prueba e improvisar con lo que tenga a mano, incluso si la materia fuese invisible.
El tiempo en Marte, ¿será que podré contar el tiempo como cuento aquí las horas, los días, las estaciones del año, será que podré usar la misma lógica del reloj?
Estoy pensando aquí, ¿qué es el arte?
Tendría que producir alguna cosa, ¿con qué? ¿Y cómo voy a exponer eso?
¿Expongo algo que me afectó? ¿Eso sería arte? ¿Lo que tendré que exponer?
Me gusta la palabra simultaneidad. SIMULTÁNEO. Sería más fácil si hubiera transmisión en vivo, como hacen los programas de reality show.
Transportar una sensación, ¿eso es arte?
Aquel momento que fui afectada por algo exterior a mí…
¿Será que para eso preciso alguna materialidad?
El propio cuerpo puede ser esa materialidad, transfiriendo y atravesado, afectado. Pero el arte no puede ser sólo lo que somos, pasivos frente algo.
Reaccionar a los sentidos. Y, ¿cómo reaccionaría? No soy solamente un receptor. Entonces me pregunto: ¿Qué dejaría en Marte?
Un rastro, el roce de los pies en esta superficie, cuya materialidad y textura todavía no conozco.
Cortaría mi pelo, haría que danzara al viento, o haría flotar mi ADN. ¿Será así? Dejaría una marca tan efímera como mi pasaje por allá.
Descubriré que Marte es sólo el comienzo de la abstracción escrita en la piel, de forma de traducir esa experiencia cuando vuelva a la Tierra.
Estoy tomando en serio esa historia de ir hacia Marte.
Tal vez, no precise ir a Marte para sentir todo eso, tal vez precise pensar que Marte está dentro de mí.